ESCAPE / THE ASSUMPTION OF BLUE – Pedro Pascoinho

ESCAPE / THE ASSUMPTION OF BLUE – Pedro Pascoinho

Convite Pedro Pascoinho - Escape 2-05

A Galeria SETE apresenta a exposição “ESCAPE / THE ASSUMPTION OF BLUE” de Pedro Pascoinho, integrada no programa de exposições convergentes
da ANOZERO’19 – Bienal de Coimbra, e divide-se entre o Museu Nacional de Machado de Castro (MNMC) e a Galeria Sete. Terá início a 26 de Outubro
de 2019 e será inaugurada às 16h30 no MNMC e às 18h30 na Galeria Sete, e prolonga-se até ao dia 29 de Dezembro de 2019.

A exposição ESCAPE/THE ASSUMPTION OF BLUE, constituída por pintura mas também por objectos escultóricos e uma instalação sonora,
lança um olhar revisionista, critico e poético ao desencantamento esgotado do progresso e à
inevitabilidade de novas utopias.

ESCAPE / THE ASSUMPTION OF BLUE

A obra de Pedro Pascoinho (1972) tem vindo, há mais de duas décadas, a construir-se como reflexo das preocupações contemporâneas  e  aguçada consciência
de ser livre em si mesmo, de encontrar o seu conhecimento e referências em qualquer época ou lugar e construir o seu trabalho a partir da observação
interior, pensamento critico e resistência, sem resvalo para modas, retrocessos ou vitimizações.

Na exposição “Escape/The Assumption of Blue” ,  o artista dá a ver, e por tal, implicitamente,  pretende que a arte não fique restringida ao
terreno  sempre enigmático e autorreferencial , ou seja, deseja que ela transite para a res communis (o espaço de todos) e seja vista de um espaço
aberto do qual todos somos parte responsável. Neste caso, até geograficamente, o espaço é vasto e distinto – arquitectónica  e
simbolicamente – e divide-se pelo Museu Machado Castro e pela Galeria Sete.

Contribuir para essa transição para a res communis, passa por recordar, a propósito do título da exposição, que o Azul (Blue),
mais que uma cor, é um estado de espírito, pois desde sempre o homem viu, sem conseguir tocar-lhe, esse azul no céu ou no mar.
E, ao longo de séculos de arte, há inúmeras referências ao azul como cor de sonho e de
sentimentos profundos, de redenção. Depois, há a surpresa da primeira fotografia da Terra tirada do espaço, a revelar que o Azul
que procurávamos no Cosmos, no infinito, era afinal a cor que estava connosco, a cor da nossa casa.

Nesta exposição,  pelos seus dois locais, perpassam sentimentos de desencantamento, de retiro, de isolamento, de medo,
de morte, de confinamento, de escape, todo um retrato interior, psicológico que pode ser percebido pelo simbolismo de pinturas onde
vemos cavernas,  matéria que se desmorona, camuflagem ( homem -búfalo a desenhar  /auto-retrato), um homem só num barco no azul
infinito e uma pintura envolta em tecido, inacessível para além do vislumbre, evocação de espaços tremendos que neste contexto
bem podem significar a própria natureza,  o renascer.

Percepcionamos que, se queremos escapar, preservar a nossa existência, permanecer com nosso corpo e espírito, há
que mudar de abordagem, de mentalidade, trocar a cabeça que encima o corpo  por um rosto que possa
orgulhar-se da obra da sua contemporaneidade.

E há pinturas representando objectos indefinidos, ocultos, figuras envoltas. Há também pinturas, elas mesmas tornadas
objecto, embrulhadas, onde através de uma passagem, uma fresta, se vislumbra mas não se vê, numa alusão talvez a que o objecto
é algo que nos objecta, que não se nos entrega, que mantém mistério e
indecifrabilidade (é o contrário de mercadoria, que só anseia agradar). A utopia, o paraíso não está no idêntico,
no informe mas na existência do completamente outro, que nos desafia e nos pode dar a perspectiva critica para continuar a construir com sentido,
a leva a acreditar que “há qualquer coisa para além disto”.

Assim funciona connosco a obra de Pascoinho , permanecendo naquele silêncio suspenso de objecto que resiste a entregar
o mistério que guarda, mas que a cada passo, a cada novo quadro, a cada nova exposição, nos vai deixando apreender um inequívoco sentido de totalidade.

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