SOBRE:

Eduardo José Nery de Oliveira (Figueira da Foz, 2 de Setembro de 1938 — Lisboa, 2 de Março de 2013) foi um artista plástico e pintor português.

Biografia / Obra

Eduardo Nery nasce na Figueira da Foz em 1938. No ano seguinte a família instala-se em Lisboa; frequenta o Liceu D. João de Castro e em 1956 inscreve-se no curso de pintura da ESBAL. Participa pela primeira vez numa exposição coletiva em 1957 (na Sociedade Nacional de Belas Artes, Lisboa). Em 1959 transita para o curso de arquitetura da ESBAL, de que desiste. Nesse mesmo ano viaja até Paris e, no ano seguinte, inicia um estágio com Jean Lurçat em Saint-Céré, França, familiarizando-se com o universo da tapeçaria contemporânea.

A sua obra inicial fica marcada pela influência de gestualistas como Hans Hartung ou Pierre Soulages. A partir de 1965 evolui para um idioma diverso, próximo da Op Art, “revelando-nos um trabalho inovador, de um cromatismo vibrante e jogos cinéticos” em que faz a desmontagem dos mecanismos da percepção visual. A sua pintura por vezes tridimensionaliza-se, expande-se para lá dos suportes tradicionais.

Através de padrões de repetição, Nery multiplica e desmultiplica terceiras dimensões, revelando-nos “espacialidades perturbadas, onde a vertigem ou o labirinto se instalam como metáfora de uma geometria plana”, como acontece com a tapeçaria Espaço Ilusório (1969-70), onde encontramos “um espaço ilimitado, silenciosamente dobrado e desdobrado […] que espelha o capricho cósmico ou, talvez antes, se apropria, por intuição racionalizada, da sua misteriosa razão de ser”.

“Depois, por lógica coerência interna, Nery chegou a soluções dadaistas de anti-pintura, na destruição dos quadros desmantelados […] atravessados duma nostalgia mordaz, no seu peso dourado de molduras rotas que ressuscitavam memórias do outro antigo jogo do «trompe l’oeil»”. Estes trabalhos abrem as portas para as imagens que se seguem, “de mistério e humor” (veja-se, por exemplo, Vida e Morte, 1972) , onde joga com paradoxos da representação do espaço no plano da pintura.

De um “enorme rigor de perspetiva, […] luminosidade intensa e […] cromatismo penetrante”  estas pinturas articulam, com efeitos inesperados, a representação perspética tradicional e fundos ou imagens totalmente planos. “vemos casas fantasmas, flutuando no espaço. Ou deparamos com felinos, feitos pássaros, a voar sobre caixões vazios […]. A instabilidade das formas suspensas, a estranheza dos conjuntos representados […] onde nenhuma presença humana surge, criam uma atmosfera de «suspense» e ameaça […]”.

A espacialidade da imagem dilata-se, depois, quando inicia a sua fase de Paisagismo abstrato de temática cósmica, que coincide temporalmente com o desenvolvimento de trabalhos diferentes em que utiliza a colagem e a fotografia.

“Um dos aspetos mais peculiares da obra de Eduardo Nery tem que ver com o seu gosto (e imensa competência) em adequar as pesquisas visuais a uma grande diversidade de técnicas e suportes. Sendo fundamentalmente pintor, ele dedicou parte substancial da sua carreira à decoração de espaços arquitetónicos, através do azulejo, da tapeçaria e do vitral”, realizando, nestes domínios, uma obra vasta e diversificada.

Realizou numerosas exposições individuais, nomeadamente: Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa (1976); Museu Nacional Soares dos Reis, Porto (1976; 2004); Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão , Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa (1981; 1987; 1997; 2005); Culturgest, Lisboa (1997); Museu Nacional do Azulejo, Lisboa (2003).

A 8 de Junho de 2012 foi feito Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique.

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